google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 HORTA E FLORES: Doenças da Berinjela

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Doenças da Berinjela



A berinjela é uma das espécies mais rústicas entre as hortaliças pertencentes à família Solanaceae. Mesmos assim, é suscetível a algumas doenças que podem causar perdas consideráveis ou comprometer a qualidade do produto, dependendo da cultivar, da época de cultivo e das condições ambientais prevalecentes no local do plantio.
No campo, as murchas, provocadas por vários patógenos (Tabela 1), são as mais evidentes e as que mais preocupam o produtor, pois provocam perdas diretas e ainda comprometem o terreno para cultivos posteriores, não somente da berinjela, mas de espécies da mesma família. Em cultivos sob proteção de plástico ou telado, essas doenças são mais importantes pelo fato de a rotação de culturas, recomendada para todas elas, ser mais difícil por questões econômicas. Além disso, as condições de temperatura e umidade, normalmente mais elevadas do que a céu aberto, e menor ventilação, poderão interferir negativamente na ocorrência também nas doenças foliares e no seu manejo.
As doenças mais importantes da berinjela no Brasil são listadas a seguir, em ordem cronológica de acordo com o ciclo da cultura.

Doenças do solo

Tombamento ou 'damping-off' 

(Rhizoctonia solaniPythium spp., Phytophthora spp.)
O tombamento pode ocorrer antes ou após a emergência da planta. No primeiro caso, resulta em falhas de estande, já que a doença provoca apodrecimento e morte da plântula. Quando ocorre após a emergência, a base da muda torna-se encharcada, fica mais fina do que o resto do caule, tomba e morre. Normalmente ocorre em reboleiras na sementeira, espalhada pela água de chuva ou de irrigação. Só as plantas bem jovens (até 10 cm de altura) são afetadas, embora plantas um pouco maiores, mesmo após o transplante, mostrem anelamento na base do caule, ficando com seu desenvolvimento prejudicado. Como vários patógenos podem estar envolvidos, o tombamento de mudas ocorre sob qualquer temperatura, desde que haja excesso de umidade no solo da sementeira.

Murcha-de-verticílio (Verticillium dahliae)

É uma das principais doenças da berinjela nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. Seu sintoma mais característico é a murcha total ou somente de um lado da planta, normalmente observada a partir do início da frutificação. A murcha é acompanhada de clorose das folhas mais velhas e depois das mais novas. As bordas foliares muitas vezes adquirem um amarelecimento intenso, seguido de necrose, em forma de cunha, mais visível nas folhas baixeiras (Figura 1). Quando a planta é arrancada, as raízes apresentam aspecto normal, sem deformações ou apodrecimento, indicando tratar-se de doença vascular. Entretanto, a base do caule, após descascada, apresenta um escurecimento de cor marrom clara. Ocorre com maior freqüência sob alta umidade, associada a temperaturas amenas (18 a 240C), condição muito comum nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Quando a temperatura atinge 280C ou mais, a infecção é lenta e as plantas podem escapar ao ataque da doença.

Foto:Carlos A. Lopes

Fig. 1. Murcha causada por Verticillium

Murcha-bacteriana ou murchadeira (Ralstonia solanacearum)

Em condições favoráveis à doença (altas temperatura e umidade), provoca murcha da planta. Porém, diferentemente da murcha-de-verticílio, a doença se manifesta nas folhas superiores. É comum a planta murchar somente nas horas mais quentes do dia, recuperando-se à noite e em dias frios e chuvosos, até que o progresso da infecção provoque uma murcha irreversível. Quando a parte inferior do caule da planta doente é descascada, nota-se o escurecimento dos vasos. Sob condições menos favoráveis à doença, a planta pode não murchar, porém desenvolvem-se mais lentamente que as sadias. Esta doença é diferenciada de outras murchas pelo fato de exsudar um pus bacteriano quando uma seção do caule de planta murcha é colocada em um copo com água cristalina em repouso. A murcha-bacteriana só provoca danos à berinjela sob condições de alta temperatura e alta umidade do solo, que são encontradas mais facilmente durante o verão em locais de baixa altitude das Regiões Sudeste, Norte e Nordeste do Brasil.

Murcha-de-Fitóftora(Phytophthora capsici)

Esta doença também causa murcha das plantas, geralmente é repentina e observada nas horas mais quente do dia. As plantas afetadas apresentam podridão de raiz e da base do caule (Figura 2). A doença ocorre em reboleiras, sendo a disseminação planta a planta feita pela água da chuva ou de irrigação. Em condições de alta umidade, o patógeno pode afetar os frutos, causando podridão dos mesmos, com formação de um mofo branco em sua superfície, correspondentes ao micélio e esporos do fungo. A doença é favorecida por altas temperaturas (entre 25 e 30oC) e umidade elevada do solo.

Foto:Carlos A. Lopes

Fig. 2. Lesão de Phytophthora no caule

Podridão-de-esclerotínia (Sclerotinia sclerotiorum)

Normalmente a infecção por Sclerotinia inicia-se no caule da planta junto a bifurcação dos galhos, onde se observam áreas úmidas ou encharcadas. O tecido afetado ganha uma coloração parda, com escleródios, que são estruturas de resistência pretas e irregulares, que sobrevivem no solo por mais de dez anos. A parte do caule acima do ponto afetado murcha e seca. Sob alta umidade, ocorre profuso crescimento de micélio branco na região afetada pela doença. A podridão pode iniciar-se na base do caule, a partir de escleródios no solo, provocando murcha e morte da planta. Em regiões onde o fungo forma esporos (ascosporos), estes infectam toda a parte aérea da planta, em especial as flores, e passam a desenvolver-se nos galhos, onde as flores infectadas caem. A doença é mais freqüente sob alta umidade e temperatura amena, em torno de 180C. Cultivos muito densos reduzem a aeração das plantas e favorecem o desenvolvimento da doença.

Podridão-de-esclerócio (Sclerotium rolfsii)

Ocorre sob alta temperatura (acima de 250C) e alta umidade do solo. Provoca o apodrecimento das raízes e base do caule, resultando na murcha e morte da planta. Em solos muito úmidos, o fungo produz abundante micélio branco na base da planta afetada, onde são formados escleródios redondos, similares a sementes de mostarda. Os escleródios são estruturas de resistência do fungo e auxiliam no diagnóstico da doença.

Nematóide-das-galhas (Meloidogyne spp.)

Plantas afetadas pelo nematóide-das-galhas normalmente apresentam sintomas de deficiência mineral e, menos freqüentemente, murcha parcial ou total, porque as raízes ficam danificadas, comprometendo a absorção de água e nutrientes. Raízes afetadas mostram deformações em forma de galhas, podendo apodrecer sob ataque intenso do nematóide, algumas vezes em associação com fungos de solo. Maiores danos são observados sob alta temperatura associada com alta umidade e em solos arenosos, condições que favorecem uma rápida multiplicação do patógeno.

Medidas gerais para controle de doenças de solo:
  • Usar preferentemente substrato comercial esterilizado e bandejas novas ou esterilizadas para o preparo das mudas. Em caso de preparo de sementeiras, usar solo arenoso para não haver acúmulo de umidade;
  • Adquirir sementes e mudas de boa procedência;
  • Produzir mudas em local claro e ventilado;
  • Não irrigar excessivamente as mudas para não encharcar o solo;
  • Colocar as bandejas sobre suporte de arame para que o excesso de água escorra;
  • Evitar excesso de plantas na sementeira, fazendo raleamento sempre que necessário;
  • Plantar em áreas livres da doença, onde não se tenha cultivado anteriormente outra solanácea;
  • Plantar variedades resistentes, quando disponíveis;
  • Evitar terrenos sujeitos a encharcamento;
  • Evitar excesso de água de irrigação;
  • Não usar água de irrigação que escorra de terrenos contaminados;
  • No verão, evitar o uso de “mulch” preto, que provoca aumento da temperatura do solo;
  • Durante os tratos culturais, evitar ferimentos na parte inferior da planta, por onde a bactéria penetra;
  • Adotar maior espaçamento entre plantas, para permitir maior ventilação na lavoura;
  • Fazer rotação de culturas com gramíneas por pelo menos dois anos;
  • Em cultivos intensivos, como sob cobertura, eliminar as plantas doentes e depositar uma pá de cal no local;
  • Incorporar matéria orgânica ao solo, como esterco bem curtido, que aumenta a população microbiana do solo, promovendo o controle biológico dos nematóides;
  • vitar o trânsito de pessoas, animais e máquinas em locais contaminados.
Doenças da parte aérea

Podridão-de-fomopsis ou seca-dos-ramos (Phomopsis vexans)

Esta doença afeta toda a parte aérea da planta. No caule, provoca lesões bem escuras, que são responsáveis pela murcha e morte dos ramos acima do local de ataque. Menos comuns que no caule, as lesões nas folhas são marrom escuras e podem coalescer, fazendo com que todo o limbo seque, sintoma que pode ser confundido com a ataque de pinta-preta. Os frutos afetados apodrecem e ficam mumificados, sendo esta a fase mais importante da doença. A doença é favorecida por umidade alta, sendo encontrada em todas as regiões do Brasil. O patógeno é transmitido pela semente, que é a mais importante fonte de disseminação a longas distâncias.

Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides)

Os sintomas da antracnose são observados principalmente nos frutos, no campo ou após a colheita. Consistem de lesões circulares deprimidas onde, sob alta temperatura, se desenvolve uma massa com coloração rosada, formada pela esporulação do fungo (Figura 3). A doença é problemática em frutos mantidos em locais úmidos após a colheita. Mas pode ocorrer também no campo, sempre que ocorrer alta umidade do ar devido a chuvas ou excesso de irrigação por aspersão. A disseminação da doença se dá por respingos de água de chuva ou de irrigação sobre a lesão esporulada. Se a água usada na lavagem de frutos doentes for reutilizada para lavar outros frutos, pode haver contaminação de todo o lote, que poderá apodrecer durante a comercialização.

Foto:Carlos A. Lopes

Fig. 3. Sintomas de antracnose em
plantas de berinjela, causada por
Colletotrichum gloeosporioides.

Podridão-algodão (Phytophthora nicotianaeP. capsici ou Pythium spp.)
Afeta frutos em lavouras cultivadas em condições de alta umidade. Os frutos apodrecem rapidamente no campo ou em pós-colheita, quando acondicionados também sob alta umidade, quando apresentam coloração marrom, às vezes coberta com profuso crescimento micelial branco, com aspecto de algodão.

Ferrugem (Puccinia sp.)

Ocorre esporadicamente e não tem causado sérios prejuízos em lavouras bem conduzidas, ou seja, com irrigação, espaçamento e adubação adequadas. Afeta somente as folhas, onde provoca lesões cloróticas na parte superior, com característica massa amarela esporulada na face inferior da folha.

Oídio (Oidiopsis haplophylli)

Doença detectada recentemente em berinjela no Brasil. Caracterizada por manchas amarelas na superfície superior das folhas, correspondendo a um crescimento branco pulverulento na face inferior. Com o passar do tempo, as manchas cloróticas podem tornarem-se necróticas, confundindo com outras doenças foliares como a pinta-preta ou a mancha-de-ascoquita. Ainda não é considerada doença importante da berinjela no Brasil.

Podridão-mole (Erwinia carotovora)

Raramente causa perdas de relevância econômica. Está quase sempre associada a períodos prolongados de alta temperatura e alta umidade. O sintoma consiste em apodrecimento mole, que normalmente se inicia em ferimentos, e chega a desintegrar rapidamente todo o fruto.

Pinta-preta ou mancha-de-alternária (Alternaria solani)

Diferentemente de outras hospedeiras da mesma família, como tomate e batata, é uma doença secundária em berinjela. É normalmente restrita às folhas baixeiras, onde induz o aparecimento de manchas escuras, de formato irregular, geralmente formada por halos concêntricos. É favorecida por temperaturas altas e chuva ou irrigação por aspersão.

Mancha-bacteriana (Xanthomonas spp.)

Ocorre esporadicamente e raramente provoca perdas significativas. É favorecida por alta temperatura e alta umidade. Provoca manchas foliares, em princípio encharcadas e posteriormente escurecidas, a partir das folhas mais velhas, podendo resultar em desfolha prematura da planta.

Superbrotamento

Causado por organismos do tipo fitoplasma, transmitido por cigarrinhas. Os sintomas mais evidentes são a produção excessiva de brotos (superbrotamento) em plantas adultas, acompanhada de clorose generalizada, porte ereto da planta, folhas miúdas e cálice com tamanho maior que o normal (cálice gigante).

Mosaico

Causado por um ou mais vírus do grupo dos Potyvirus, que são transmitidos por pulgões, especialmente Myzus persicae. Provoca deformação foliar e mosaico nas folhas e nos frutos.

Vira-cabeça

É causada por um ou mais vírus do gênero tospovírus, que são transmitidos por tripes. A doença também afeta outras solanáceas, em especial o tomateiro e o pimentão. O sintoma principal é uma necrose do topo da planta, que pode levar a uma paralisação no crescimento da mesma.

Medidas de controle para doenças da parte aérea:
  • Plantar sementes sadias, adquiridas de firma idônea, ou retiradas de frutos sadios;
  • Adquirir mudas de produtores idôneos;
  • Fazer rotação de culturas com gramíneas por dois a três anos;
  • Destruir os restos culturais logo após a colheita;
  • Plantar cultivares resistentes, quando disponíveis;
  • Preferir terrenos bem ventilados;
  • Usar espaçamento largo, que permita a ventilação entre as plantas;
  • Pulverizar periodicamente com fungicidas registrados para a cultura;
  • Não deixar frutos infectados no meio da lavoura após a colheita (devem ser enterrados profundamente ou levados para longe das plantas em produção);
  • Eliminar restos culturais logo após a última colheita.
Tabela 1. Diferenciação das doenças que provocam murcha em plantas de berinjela.

Doença/
característica
diferencial

Murcha- bacteriana
Murcha-de- fitóftora
Murcha-de- verticilio
Podridão
-de- esclerotínia
Podridão
-de- esclerócio
Nematóide
-de-galhas
Teste do copo
+
-
-
-
-
-
Podridão de raiz
-
+ / -
-
-
+
+ / -
Galhas na raiz
-
-
-
-
-
+
Lesões aéreas no caule
-
+ / -
-
+
-
-
Toda planta murcha
+ / -
+
+ / -
+ / -
+
+ / -
Escleródios grandes e desuniformes
-
-
-
+
-
-
Escleródios pequenos e redondos
-
-
-
-
+
-
Folhas amarelas com necrose em V
-
-
+
-
-
-
Escurecimento  vascular
+
+
+
-
-
-

+= presença ou possibilidade de uso do teste diagnóstico
- = ausência ou impossibilidade de uso do teste diagnóstico


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